Saudações cordiais a todos!

Nada melhor para começar o dia do que um bom banho. Na verdade, eu não consigo levantar e ficar sem banho por mais de 2 horas. Sair de casa com cheiro de cama não dá.

Enfim, estava eu preparando-me para meu ritual diário, atendendo ao chamado da natureza, quando vi que era hora de escolher outro sabonete. E esse é um momento importante, uma decisão que deve ser tomada com muita calma, afinal, se apenas eu usarei o mesmo, é provavel que eu passe o próximo mês com a mesma fragrância a me acompanhar. Entre minhas opções, apenas 4 estavam disponíveis:

- Extrato de frutas e hidratantes
- Perfume de jasmim e hidratantes
- Extrato de mel e (pasmem) hidratantes
- Óleos essenciais de lavanda e alecrim

As três primeiras opções são de sabonetes da marca "Lux suave", e o último, um da Johnson's. No quesito "cheiro", não tem nenhuma diferença muito absurda entre eles. É tudo bom. Porém, a Lux tem a vantagem de associar suas fragrâncias com nomes lúdicos e prosaicos:

- Primeiro Beijo
- Buquê de Sonhos
- Noite de Mel

Ahhh, agora sim ficou mais fácil! Porque me contentar apenas com perfume de jasmim, se ele também é um reagente para um buquê de sonhos?

Sim, eu estou sendo sarcástico.

Mas aí eu vi mais uma informação que deixou tudo ainda melhor. Do lado, ta escrito "Divirta-se com a beleza de uma pele macia e perfumada". Como assim "Divirta-se com pele?" Eu lá tenho cara do assassino serial de Silêncio dos Inocentes? Ele sim se divertia com uma pele macia... Ele e o Predador.

Frente a tantas opções, resolvi pegar uma ao acaso mesmo. E foi a tal "Primeiro beijo."

Até onde me consta, o meu primeiro beijo não está associado à essencia de frutas (no caso, maçã verde)... Na verdade, meu primeiro beijo foi uma coisa tensa, forçada e dolorosa. Certamente ocorreu a mais de 20 anos, mas me lembro bem dele. Não sei se havia um bailinho em casa, ou se era meu aniversário, sei que haviam pessoas em minha residência, alguns mais novos que eu, outros da minha idade. E haviam garotas também...

Naquela época, bailinhos eram coisas divertidas a valer (sempre foram na verdade). A gente passava a tarde brincando na rua, correndo, ralando joelho... mas ai quando chegava umas 4 da tarde, uma força tarefa se mobilizava em minha casa. Lavava chão, ajeitava o som, separava os discos (todos os 4), tirava as plantas das paredes... Coisas que a gente certamente detestaria fazer se alguém tivesse mandado.

Mas enfim, a quantidade de garotas na rua era quase equivalente a quantidade de garotos. Nem todos tinham seus parzinhos, mas alguns mais espertinhos alegavam estar namorando (ainda que nem soubessem exatamente o que era isso).

A minha "namorada" era a vizinha da frente. Erica. A gente nunca conversava, nem andava de mãos dadas, nem mesmo brincava juntos, mas todo mundo dizia que a gente namorava. Eu lembro que eu a achava bonita, mas sofrendo de uma timidez avassaladora e quase mortal, jamais eu tentaria qualquer coisa com a mesma. Eu só sabia que ela também gostava de mim porque em um desses bailinhos, ao som de "Rancho Fundo", a gente dançou juntos, e lembro claramente que o coração da garota estava disparado. Podia ser medo, vai saber... E acreditem, era preciso uma dose de coragem cavalar para se dançar com alguém, e isso só acontecia depois que alguém dava o primeiro passo.

Era o conhecido "se você for eu vou".

Anyway, estava eu lá, em minha festa, quando uma das garotas, a Fabiana, chegou pra mim e disse: "A Erica quer te dar um presente". Ou algo assim. Claro que nesse momento eu quase enfartei. Demos a volta na minha casa, até o lado menos iluminado. E lá estava ela, acredito que tão nervosa quanto eu. Eu já nem suava nesse ponto, porque minhas funções básicas nem mais funcionavam. Visão, audição, tato... nada disso fazia o que deveria. Imagine então falar alguma coisa. Ia falar o que?

Parte de mim sabia o que ia acontecer, outra parte queria sair correndo como se minha vida dependesse disso, outra parte achava que talvez, ela quisesse mesmo me dar um presente.

- Vai! Beija logo!

Olhei pro lado e a Fabiana ainda tava lá. Não sei quem é que tava interessado que aquilo acontecesse logo. Eu, claro, morria de curiosidade para saber como era beijar uma garota. Pelo menos nos filmes, parecia a coisa mais maravilhosa do mundo. Difícil era tomar coragem para me mexer. De fato, a Fabiana parecia mesmo a mais interessada no desenrolar da coisa, porque ela praticamente jogou a Erica em cima de mim (ou será que foi o contrário?). E ali, frente a frente com aquela garota, usando toda coragem que um garoto de pouco mais de 10 anos poderia ter, resolvi arriscar.

É óbvio, não foi nada do que eu imaginava. A Erica devia ter tanta prática no assunto quanto eu, porque ela quase arrancou meus lábios. A tensão não diminuiu, e tudo que eu queria era que aquilo acabasse logo.

Depois desse dia, não lembro se beijei-a outras vezes, ou se conversei com ela, ou qualquer coisa do tipo. A única coisa que eu sei é que pra tudo existe uma hora certa. Minha timidez (acreditem) ainda existe hoje, mas já está quase sob controle. E descobri que existem beijos sim, que são tão maravilhosos como os dos filmes que eu via. Mas estes, como aprendi, só acontecem na hora certa...



Sem mais delongas, despeço-me!

My Girl - The Temptations

I've got sunshine
On a cloudy day.
When it's cold outside,
I've got the month of May.

Well, I guess you'll say
What can make me feel this way?
My girl. (My girl, my girl)
Talkin' 'bout my girl. (My girl)

I've got so much honey
The bees envy me.
I've got a sweeter song
Than the birds in the trees.

Well, I guess you'll say
What can make me feel this way?
My girl. (My girl, my girl)
Talkin' 'bout my girl. (My girl)

Ooooh, Hoooo.

Hey, hey, hey.
Hey, hey, hey.

I don't need no money,
Fortune or fame.
I've got all the riches, baby,
One man can claim.

Well, I guess you'll say
What can make me feel this way?
My girl. (My girl, my girl)
Talkin' 'bout my girl. (My girl)

Talkin' bout my girl.
I've got sushine on cloudy day
With my girl.
I've even got the month of May
With my girl.


Carpe Diem