Saudações cordiais a todos!

Há um sentimento estranho corroendo minhas entranhas, um misto de ansiedade e desespero, o qual pretendo dar um fim deixando minha mente correr por estas mal traçadas linhas.

Outro dia fui ao banco e enquanto estava na fila, duas mulheres na minha frente conversavam sobre suas vidas. Ambas haviam se separado, e as duas carregavam mágoas eternas. Uma em particular, orgulhava-se em ter escraxado seu ex parceiro antes de expulsá-lo de casa.

Eu, que já tinha presenciado a tempos uma cena de separação nada amigável, até consegui visualizar a cena.

Pessoas.

Quisera eu ter as respostas do porque as coisas são como são. Porque existem pessoas que aguentam e suportam muitas coisas, e outras explodem tão rapidamente por tão pouco? Existem casais que conversam, existem casais que discutem, existem casais que não se entendem e existem casais que resolvem tudo com sexo ardente.

Creio que no fim, compreensão é fundamental. Não só a compreensão dos fatos, mas a compreensão total, onde leva-se em conta todos os aspectos possíveis da situação. Já diz o ditado que a flecha lançada e a palavra dita não podem ser paradas. Ou algo por aí.

Quando você ama uma pessoa, ou escolhe passar sua vida com ela, espera-se que haja um conhecimento mútuo, uma cumplicidade que deveria, a princípio, ser inabalável. Mas a vida mostra que não é assim.

Ontem constatei mais uma separação inconcebível. Havia conhecido este amigo a pouco tempo, mas era um cara pacato, desses que mantém o mesmo tom de voz ser ser chato. Tranquilo, casado com uma simpatica mocinha, com quem tinha uma filha pequena. Um casal Doriana praticamente, ao menos era assim que eu os via sempre que eles estavam juntos.

Hoje não estão mais.

Ele contando como a situação desenrolou a esse ponto, e todos nós, perplexos, com as reações de sua ex-esposa. Bastou uma rachadura, e o que veio a seguir foi o completo desmoronamento da represa.

De uma hora para a outra, a pessoa muda, não é mais quem você tinha certeza que conhecia. Ela, no caso, até mesmo os documentos começou a rasgar enquanto partia para agressão física. Algo surreal, quem iria imaginar? Certamente ninguém.

E enquanto conversavamos, a avó de meu colega surgiu, uma senhora que é, ao meu ver, uma mulher impressionante. Não sei quantos anos tem, mas está casada a 60. É um amor de pessoa, de raciocínio rápido, mente aberta, sagaz apesar da idade avançada. E é uma satisfação enorme conversar com ela.

Estavamos então a conversar de relacionamento, como fazer para que eles durem. Afinal, estando a 60 anos juntos, pode-se dizer que ela tem experiência no assunto. E ela contou que não existe um segredo, ela mesmo se perguntava como tinha durado tanto, uma vez que ela e seu marido, ainda vivo, não gostavam das mesmas coisas e programas.

Mas existe um respeito muito grande ali. Uma compreensão que poucos tem. E há o amor, como não? E sim, disse ela, houveram discussões. Porque elas existem e devem ser tambem, tratadas com respeito. Nenhum dos filhos dela, ou netos, chegaram a ver os dois brigando, porque além de se respeitarem, eles respeitam também os que estão à sua volta. Discussões, só na privacidade do casal.

É algo que hoje em dia não se pensa mais eu acho. As pessoas brigam em qualquer lugar, por qualquer coisa, de qualquer jeito. Eu particularmente detesto qualquer tipo de discussão. Principalmente as que acontecem com quem a gente gosta.

Será que o impacto de uma discussão esta diretamente ligado à imagem que a gente tem do outro? Quanto mais a gente gosta, menos queremos ser magoados. Então as coisas acabam tomando uma proporção maior, justamente porque o problema vem do lugar que a gente menos quer.

Eu adoraria que tudo pudesse ser resolvido com uma conversa calma. Porque no fim, tudo pode. Mas como ser racional em assuntos sentimentais? E como se livrar de um sentimento ruim no meio de uma ótima relação? Ignorando-o? Expurgando-o? Como isso é possível, com outra discussão? Com outra conversa?

Novamente, são pessoas lidando com pessoas. E cada uma delas é um universo particular, com suas prórias leis, seus próprios códigos de conduta, seus próprios valores. Quando uma relação começa, um universo invade o outro, e algumas medidas provisórias são criadas. É a fase em que se aceitam os defeitos como algo provisório também, porque afinal, todo o resto é amor.

Mas chega uma hora que essas medidas devem virar leis. E o casal deve segui-las, pelo bem do próprio casal. Deve-se haver compreensão acima de tudo, em um desejo sincero de compreender o outro. Você nunca vai conseguir compreender esse universo novo em que você está entrando se continuar seguindo estritamente as regras do seu próprio universo. Porque pra um aquilo é conhecido, é aceito como verdade. Para o outro é uma novidade, que pode ou não fazer sentido.

Já diz a música "quantos defeitos sanados com o tempo, eram o melhor que havia em voce?" Quanto da sua antiga tolerância acabou desaparecendo porque você foi decepcionado diversas vezes por quem você gostava? Quando se passa a acreditar que ser tolerante é ser tolo, que o que se sente deve ser dito, simplesmente porque "era preciso".

Toda história tem dois lados, toda ação gera uma reação. Independente da conclusão que se tire, um ponto de vista é apenas isso, um ponto, de onde se enxerga uma situação. Ele pode fazer todo sentido do lado de quem vê, mas isso o torna um ponto verdadeiro? Estaria ele completo? Quem é que sabe?

Eu sei de minhas limitações, de meus defeitos. Só eu sei o quanto de dor eu consigo suportar, e quanto tempo uma decepção leva para desaparecer. Quanto tempo uma mágoa pode ser carregada no coração, quanto pesa a sensação de culpa por algo feito ou dito? Só eu sei. Mas os meus padrões não servem como base para entender outra pessoa. Tem gente que não se abala com nada do que acaba comigo. Tem gente que desmorona com coisas que a meu ver são naturais.

Pessoas são elementos randômicos da natureza. Por dentro e por fora. A maioria tem as mesmas coisas, mas uns são mais fortes em um aspecto, e mais fracos para outros. A percepção das coisas também é diferente. Esse é o exemplo perfeito. Assista o vídeo, ele tem todas as explicações do que deve ser feito.



Agora eu pergunto, supondo que você tenha assistido o vídeo e feito mesmo esse teste, quantas vezes isso acontece na nossa vida? Quantas vezes, por estarmos presos a um ponto de vista, deixamos de lado algo que esta gritando, escancarado na nossa frente? Porque nos prendemos tanto ao que queremos ver, antes de procurar entender o que aconteceu de verdade?

No fim, creio que acreditamos no que queremos acreditar, e isso não tem problema, até o momento em que achamos que outra pessoa TEM que acreditar no que acreditamos. A chave é o conhecimento. Quanto mais você conhece a outra pessoa, menor deveria ser a chance de fazer algo errado.

Infelizmente, somos humanos imperfeitos, as vezes com mais defeitos do que qualidades. Não é justo que busquemos em outras pessoas a solução para nossos problemas, sem também fazermos o contrário. Um casal é feito de ajuda mútua, de companheirismo, de confidências e sonhos. Mas também é feito de inseguranças, medos e mágoas, seja do presente ou de um passado distante. Todos carregam uma bagagem, até onde ela pode ser dividida, cabe a cada um descobrir. O que não podemos, nunca, é decidir quando o outro esta pronto para ajudar a carregar nossos pesos. Quando o outro lado estiver pronto, ele há de ajudar. Porque ele tambem tem pesos que ele quer dividir, e que atire a primeira pedra quem nunca se sentiu triste por ter de carregar algo que não lhe pertencia.

Talvez o pior seja a impossibilidade de redenção. Quando um dos lados se fere, e nada pode ser feito para remediar a situação. Não existem desculpas suficientes, não existem atos de arrependimento que resolvam. Então quem foi ferido, fere. Fere com seu silêncio, com sua raiva contida, com seus olhos acusadores. E esquece desprezar um pedido de desculpa é fechar uma porta. É a declaração aberta de que aceita-se a culpa e só ela importa, enquanto a real importancia deveria ser dada ao perdão.

Acho que este foi meu texto mais prolixo até o momento. Isso porque nem mesmo eu sei o que foi dito, e ainda assim, acredito que não falei metade do que eu gostaria. Falar de pessoas é uma tarefa árdua, praticamente impossível. Porque me baseio no meu ponto de vista, e em como a ação dos outros me afetam. E, como foi dito, ponto de vista é apenas isso, uma situação vista apenas de um ponto.

No caso, o meu.



Sem mais delongas, despeço-me!

Hurt - Jhonny Cash



I hurt myself today
To see if I still feel
I focus on the pain
The only thing that's real
The needle tears a hold
The old familiar sting
Try to kill it all away
But I remember everything

[Chorus:]
What have I become
My sweetest friend
Everyone I know goes away
In the end
And you could have it all
My empire of dirt
I will let you down
I will make you hurt

I wear this crown of thorns
Upon my liar's chair
Full of broken thoughts
I cannot repair
Beneath the stains of time
The feelings disappear
You are someone else
I am still right here

[Chorus:]
What have I become
My ssweetest friend
Everyone I know goes away
In the end
And you could have it all
My empire of dirt
I will let you down
I will make you hurt

If I could start again
A million miles away
I would keep myself
I would find a way


Carpe Diem